27 maio 2012

THE MIND LOVES THE UNKNOWN



"THE MIND LOVES THE UNKNOWN
IT LOVES IMAGES WHOSE
MEANING IS UNKNOWN, SINCE
THE MEANING OF THE MIND
ITSELF IS UNKWON"

Rene Magritte









22 maio 2012

QUANDO BUSCAVAS O SUL [...]



quando buscavas o sul, ulisses jovem,
marinheiro ainda das viagens por fazer,
tu eras barco e chuva nos bancos litorais,
vias acaso ítaca na distância?
via-la, deitada sobre o horizonte antigo?
via-la em cada paisagem e a cada movimento de onda?
ou era apenas uma centelha de luz
o que afogueava o mar, uma só.
breve e luminosa sensação de encontro e perda  

 Fernando Cabrita




17 maio 2012

ANTES QUE O VERÃO CHEGUE...


Antes que o verão chegue
e as longas tardes
se espalhem pelo coração
e te prendam ao desgaste habitual
toca uma palavra
para que permaneça
na minha boca
onde mais ninguém
possa ficar confundido.
Uma apenas.

E vê como pesa menos sobre o silêncio
a sombra que vais mover.

Vasco Ferreira Campos
[A VOZ À CHUVA]

fonte:
http://canaldepoesia.blogspot.pt/




15 maio 2012

MAIS AZUL QUE O CÉU



Vladimir Kush

Numa cadência de remos e passos
se te pudesse transportar
seria num barco alado
para chegares como sempre chegaste
imaculada
a tecer estrelas de linho

solta

a navegar em arco
com um violino no regaço

Se fosses possível
num traço de azuis
bastava sulcar as águas
para vires à tona
construir outras pontes
incendiar as margens

mas tu sabes que não existem
barcos alados

Talvez por isso ainda te veja
em preces
sentada nas areias
a levar à boca a foz do rio

até o meu barco
ser mais azul que o céu

Eufrázio Filipe
http://mararavel.blogspot.pt/





14 maio 2012

RETRATO DE UNA MADRE


Hay una mujer que tiene algo de Dios por la inmensidad de su amor, y mucho de ángel por la incansable solicitud de sus cuidados; una mujer que, siendo joven tiene la reflexión de una anciana, y en la vejez, trabaja con el vigor de la juventud; la mujer que si es ignorante descubre los secretos de la vida con más acierto que un sabio, y si es instruida se acomoda a la simplicidad de los niños; una mujer que siendo rica, daría con gusto su tesoro para no sufrir en su corazón la herida de la ingratitud; una mujer que siendo débil se reviste a veces con la bravura del león; una mujer que mientras vive no la sabemos estimar porque a su lado todos los dolores se olvidan, pero que después de muerta, daríamos todo lo que somos y todo lo que tenemos por mirarla de nuevo un instante, por recibir de ella un solo abrazo, por escuchar un solo acento de sus latidos. De esa mujer no me exija el nombre si no quieres que empape de lágrimas vuestro álbum, porque yo la vi pasar en mi camino. Cuando crezcan vuestros hijos, léanles esta página, y ellos, cubriendo de besos vuestra frente, os dirán que un humilde viajero, en pago del suntuoso hospedaje recibido, ha dejado aquí para vosotros y para ellos, un boceto del Retrato de su madre. 

 De Monseñor Ramón Angel Jara




12 maio 2012

PUDESSE EU



PUDESSE EU NÃO TER LAÇOS NEM LIMITES
Ó VIDA DE MIL FACES TRANSBORDANTES
PARA PODER RESPONDER AOS TEUS CONVITES
SUSPENSOS NA SURPRESA DOS INSTANTES.

Sophia de Mello Breyner






06 maio 2012

O MURRO



Dou um murro na mesa pela falta das palavras
as folhas de papel voam assustadas
sem a poesia o mundo morre-me nos dedos
da mão fechada que esbarra no silencio
e na dor da ausência.
Dou um murro no tempo dos nadas
para chegar à melodia da palavra
que no ventre do pensamento
anda de mão dada com a solidão.
A palavra espera por um sinal
pelo gesto que acontece.
O murro é a força motriz
do parto no poema que nasce.

Eduardo Montepuez


03 maio 2012

PÃO





Há pessoas que amam
Com os dedos todos sobre a mesa.
Aquecem o pão com o suor do rosto
E quando as perdemos estão sempre
Ao nosso lado.
Por enquanto não nos tocam:
A lua encontra o pão caiado que comemos
Enquanto o riso das promessas destila
Na solidão da erva.
Estas pessoas são o chão
Onde erguemos o sol que nos falhou os dedos
E pôs um fruto negro no lugar do coração.
Estas pessoas são o chão
Que não precisa de voar.

Rui Costa